Educação Talmúdica

 

 

Embora já demonstrado em tempos anteriores, o posicionamento crítico proposto pela Bíblia, ganhou mais força reflexiva após a segunda Diáspora imposta por Roma (135 d.C.), pois, dezenas de rabinos ao longo de vários períodos de anos se reuniram em Assembleias para discutirem e rediscutirem as Leis propostas por Moshe (Moisés) na Torah. Tendo como objetivo, o pleno desenvolvimento religioso e cognitivo, com um toque do “olhar” do presente século na qual estava sendo vivido.

 

Sendo que, o Talmud em seu significado, define-se como “estudo” ou ensinar” (extraído da raiz hebraica Lamod), tendo o seu marco inicial ou fomentação com a primeira Diáspora, em pleno cativeiro da Babilônia (598 – 537 a.C.). Sendo que, ao longo destes anos foram produzidos dois tipos de Talmud: o da Bavli (Babilônia)[1]; e o de Yerushalmi (Jerusalém)[2]. Dos quais, destacou-se e predominou-se o Talmud Bavli. Uma vez que com a segunda Diáspora imposta por Roma (em 70 e 135 d.C.), fez com que os Judeus se preocupassem com a possibilidade de esquecerem de seus ensinamentos propostos pela Torah Oral (ensinamento verbal), surgindo e acentuando mais ainda a necessidade de se escrever os seus preceitos tidos como sagrados.

 

Desse modo, o Talmud Bavli é composto de sessenta e três livros (ou tratados rabínicos), representados por dois estudos a Mishná[3] e a Guemará[4], compilados em seis departamentos de ação: Agricultura, Festividades Bíblicas, Lei Civil, Pureza Ritual, Relações Familiares e Sacrifícios no Templo Sagrado.

 

O interessante de tudo isso, dentro de uma perspectiva crítica, é que segundo Dascal (2008), os rabinos da época discutiam ao ponto de às vezes até contenderem-se verbalmente, mas, no final das propostas assembleias, ao chegarem a um ponto conclusivo das questões analisadas, escreviam no Talmud a confirmação da posição vencedora do debate realizado. Porém, nada era descartado, pois em respeito à sabedoria dos rabinos defensores das posições derrotadas em debate, suas opiniões eram plenamente comentadas no Talmud (juntamente com a posição vitoriosa) em solidariedade, sinal democrático (respeito aos demais sábios) e em contentamento com a importância da cooperação mútua de ambos. [...]

 

E nesse trocar de ideias e decisões fortalecia-se a visão democrática, pois nem todo o ser era dotado de pleno saber, assim como, nem todo ser era incapaz ou insuficiente para não ter a sua ideia ou proposta relevada ou atendida. E nesse pressuposto, a sociedade muda por meio não das respostas, mas por ocasião das contradições, que por sua vez geraram as possibilidades de respostas.

 

REFERÊNCIA

 

DASCAL, Marcelo. Entre a Filosofia e o Talmud. Rio Grande do Sul: WebMosaica, 2008. 8 p.

 

Fonte:

SILVA JÚNIOR, J. R. A educação familiar como transformadora da sociedade: um paralelismo para com a Educação Institucional sob os aspectos projetados por uma visão educacional talmúdica. Monografia – Licenciatura em Pedagogia, Faculdade de Imperatriz, 2010. p. 18 e 19.

 


[1] - Teve início por volta do ano 586 a.C., e encerrado e publicado em 499 d.C.

[2] - Estando originalmente produzido em aramaico, o mesmo não creditado ou considerado, pela difícil compreensão, e por não ser tão claro e objetivo quanto o Talmud Bavli. Sendo que, o Talmud Yerushalmi, teve sua produção interrompida em 425 d.C.

[3] - Trata-se da transcrição da Lei Oral.

[4] - Trata-se da composição hermenêutica por parte dos rabinos em relação à Mishná.